28/04/2009

De uma leitora

Texto recebido por e-mail, de uma leitora de «Uma Noite com o Fogo».
.
Uma narrativa essencialmente autobiográfica, que se não foi vivida, pelo menos deixa o leitor convencido disso, pois existe uma harmónica concatenação entre história e discurso. O fogo, motivo central da descrição, é dado a observar com tal realismo que consegue despertar todos os sentidos. Para além da permanente visualização dos factos, quase que sentimos o efeito das fagulhas, que se aproximam e caem perto de nós, e o crepitar produzido consegue ser tão bem descrito que parece que ouvimos e cheiramos a madeira a ser consumida pelas chamas.
São pois apresentadas imagens de grande realismo, que nos confrontam com o fogo, sempre personagem central da obra e que nos vai surgindo multifacetada, nunca causando cansaço ao longo da sua apresentação em cento e tantas páginas...
A narrativa vai sendo cortada por alguns momentos de maior tensão, alguns de verdadeiro suspense para quem vai assistido à evolução daquele fogo incontrolável e que parece não ir ter fim.
Descortinei, ainda, para lá do «real», alguns momentos de fantasia, pequenos leit motiv introduzidos com muita perícia e magia.
Apesar da temática ser una, «o fogo», senti-me sempre entusiasmada com todo o evoluir, com as pequenas e eventuais paragens ou quaisquer outras peripécias introduzidas magistralmente a propósito.
Não conheço outras obras do autor, embora o meu filho já me tenha informado serem de cariz diferente. Esta, contudo, revela-se cheia de individualidade, longe de grandes tiradas linguísticas (que não viriam nada a propósito), escolhendo formas e esquemas combinatórios que exprimem sempre a mensagem com exactidão.
O estilo é transparente, acessível e límpido, para além do qual se vislumbra uma personalidade cheia de capacidade de observação e não menor capacidade criativa.
Toda a descrição do fogo é autêntica, real, convincente, surgindo de quando em onde pinceladas de fantasia produto do poder criativo.
Em alguns momentos, podemos ainda descortinar alguns apontamentos críticos, só «visíveis» para os mais atentos.
Maria Teresa Dinis
.

Sem comentários:

Enviar um comentário